O que são experiências anômalas ou não-ordinárias e qual sua importância para a saúde mental?

Relatos de experiências anômalas ou não-ordinárias como experiências fora do corpo, sonhos lúcidos, experiências de quase morte, premonições e experiências de contato com pessoas falecidas são comuns na população geral de diferentes países e constituem um fundamento importante de diversas tradições e práticas culturais e espirituais em todo o mundo (Maraldi & Krippner, 2019). Em estudo recente, publicado em tese de doutorado defendida no IPq-HCFMUSP, mais de 90% dos respondentes em uma amostra representativa de brasileiros relataram ter tido ao menos uma experiência desse tipo (a partir de uma ampla lista de opções de resposta) em algum momento de sua vida (Monteiro de Barros et al., 2022).

Tais experiências são designadas de muitos modos na literatura psiquiátrica e psicológica como “anômalas”, “excepcionais”, “transpessoais”, “espirituais”, “místicas”, entre outros termos (Cardeña, Lynn & Krippner, 2014), os quais refletem cada qual certas interpretações e modelos teóricos acerca dessas vivências. Experiências não-ordinárias podem ocorrer de modo espontâneo, mas são também induzidas por substâncias psicodélicas, práticas ritualísticas, trauma físico ou psicológico e uma série de outros fatores. Elas estão frequentemente associadas a uma variedade de estados alterados de consciência, como transe dissociativo, estados hipnagógicos/hipnopômpicos e paralisia do sono (Cardeña & Winkelman, 2011; Nardini-Bubols et al., 2019).

Embora estejam algumas vezes vinculadas a condições psicopatológicas, como luto patológico e quadros dissociativos e psicóticos, as experiências não-ordinárias são frequentemente vistas como benéficas à saúde mental e promotoras de bem-estar e afetos positivos (Maraldi et al., 2023a, 2023b). Há poucos dados no Brasil sobre como as pessoas lidam com essas experiências em seu cotidiano, mas as evidências disponíveis indicam que quando vivenciam problemas ou dificuldades com suas experiências, a maior parte dos indivíduos recorre a ajuda religiosa/espiritual. Ainda assim, uma porcentagem significativa também recorre a profissionais de saúde como psicólogos e psiquiatras (Maraldi et al., 2023b). Mais recentemente, a investigação de experiências anômalas em países e contextos seculares e entre indivíduos não religiosos tem indicado a relevância de tais experiências mesmo para pessoas não religiosas, salientando seu impacto para além de práticas espirituais e sistemas de crença religiosos (Van der Tempel & Moodley, 2020).

Desde a publicação de As Variedades da Experiência Religiosa (James, 1902), tais fenômenos foram inseridos no debate científico, sendo progressivamente explorados em pesquisas empíricas. William James foi um dos primeiros psicólogos a investigar e debater as experiências não-ordinárias. Ele argumentava que esses fenômenos deveriam ser estudados não apenas do ponto de vista neurofisiológico, mas também em seus aspectos fenomenológicos e subjetivos e em suas implicações para a saúde mental. James distinguia entre religiosidade institucional e experiência religiosa pessoal. Enquanto a primeira está associada a práticas e crenças coletivas, a segunda envolve um contato direto com o “divino”, com uma dimensão transcendente, independentemente da mediação de doutrinas. Sua abordagem influenciou o desenvolvimento da psicologia da religião e da espiritualidade e da pesquisa científica sobre estados alterados de consciência, delineando um campo de estudo que permanece relevante até os dias atuais.

As pesquisas sobre experiências anômalas, espirituais e não-ordinárias evoluíram desde James e outros pioneiros. Há hoje duas grandes abordagens de investigação dessas experiências: a abordagem fenomenológica – voltada para uma compreensão de suas características ou elementos basilares, diferenças individuais e significados que as pessoas atribuem a essas vivências em suas vidas – e a abordagem ontológica, voltada para o entendimento dos fatores causais subjacentes a essas vivências. Esta última perspectiva costuma gerar maior debate e discussão nos meios acadêmicos, uma vez que parte dos pesquisadores sugere que essas experiências apontam, na verdade, para a existência de fenômenos ainda incompreendidos ou frequentemente rejeitados pelo establishment científico. Embora o termo “anômalo” possa aludir a uma conotação patológica, a palavra é usada academicamente para se referir ao caráter desafiador dessas experiências em relação ao conhecimento estabelecido em áreas como psicologia, biologia, física e neurociência. Em outras palavras, se algo como “telepatia” – uma forma de interação anômala entre humanos (ou entre humanos e animais), supostamente sem a utilização de inferência ou outros meios usuais de comunicação verbal e não verbal – existe para além da vivência subjetiva das pessoas, então isso representaria uma “anomalia científica”, um fenômeno potencialmente controverso e desafiador frente ao entendimento da comunidade cientifica acerca da natureza do mundo físico, da mente, do cérebro e de suas potencialidades.

No contexto da abordagem fenomenológica e psicológica, estudos sobre diferenças individuais têm buscado identificar características cognitivas e de personalidade que podem estar relacionadas à ocorrência de experiências anômalas.  Variáveis como gênero, idade, estilos de pensamento, absorção ou envolvimento imaginativo, abertura à experiência, dissociação e trauma infantil têm sido investigadas. As pesquisas indicam que as experiências anômalas são relatadas por pessoas de diferentes gêneros, idades e condições socioeconômicas. No entanto, alguns padrões emergem, como a maior prevalência de relatos entre mulheres e a correlação com características como absorção, dissociação e um estilo de pensamento intuitivo. É importante ressaltar que a correlação entre essas variáveis e a experiência anômala não implica causalidade.  A complexa interação entre fatores psicológicos, sociais, culturais e individuais ainda não é totalmente compreendida (Maraldi & Krippner, 2019).

Em vista dos desafios envolvidos no diagnóstico diferencial entre experiências saudáveis e patológicas e da complexidade de fatores culturais, biológicos e psicológicos envolvidos nessas experiências (Moreira-Almeida & Cardeña, 2011; Moreira-Almeida e Lotufo Neto, 2017), faz-se importante aprofundar o conhecimento sobre as experiências não-ordinárias, seus correlatos no contexto clínico e sua relação com diferentes categorias de transtornos mentais. Há um crescente interesse pelo tema na literatura médica internacional (e.g., Oswald et al., 2023; Timmermann et al., 2023), mas poucas iniciativas sistemáticas de pesquisa em contexto brasileiro.

Pouco se sabe sobre como lidar com essas experiências e estados de consciência na prática clínica (Maraldi et al., 2023a). A pesquisa sobre o tema é crucial para desenvolver ferramentas de avaliação mais eficazes, abordar vieses culturais e explorar os potenciais benefícios terapêuticos da integração dessas experiências na prática clínica. Muitos profissionais de saúde não possuem conhecimento ou treinamento sobre o tema, o que limita sua capacidade de abordá-lo efetivamente (Menegatti-Chequini et al., 2019). Os pacientes também podem hesitar em compartilhar suas experiências temendo preconceito ou patologização inadequada por parte de profissionais de saúde mental, dificultando uma avaliação e suporte adequados (Rabeyron, 2022; Maraldi et al., 2023b). Integrar o conhecimento sobre experiências não-ordinárias em modelos de tratamento existentes pode ser complexo, exigindo consideração cuidadosa de seu significado individual e cultural. À medida que a pesquisa e a compreensão evoluem, os profissionais de saúde podem se equipar melhor para navegar nessas experiências com sensibilidade, respeito e foco no bem-estar do paciente.

Em vista dos desafios clínicos, teóricos e metodológicos suscitados por esse campo de pesquisas, pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP recentemente fundaram o PROEXP – Programa de Pesquisa em Experiências Não-Ordinárias e Estados Alterados de Consciência, uma iniciativa com apoio do IHPV. O programa foi desenvolvido com os objetivos de investigar as implicações das experiências não-ordinárias para a saúde mental e para a prática clínica em psicoterapia e psiquiatria e treinar pesquisadores interessados no estudo desses temas no nível da pós-graduação. Como parte do maior complexo hospitalar acadêmico do Brasil, o IPq constitui espaço privilegiado para o desenvolvimento de pesquisas e aplicações clínicas nessa área, possuindo enorme potencial para contribuições nacionais e internacionais em campo ainda pouco explorado e de fronteira.

Conclusão

As experiências anômalas e espirituais continuam sendo um fenômeno relevante para a compreensão da mente humana. Estudos contemporâneos demonstram que tais vivências são comuns e possuem impactos psicológicos significativos. Variáveis como absorção, dissociação e estilos cognitivos influenciam a predisposição a esses eventos, destacando a importância de abordagens multidisciplinares. A pesquisa futura deve buscar um maior refinamento metodológico, explorando não apenas os correlatos individuais das experiências, mas também suas implicações clínicas e culturais. O estudo das experiências anômalas ou não-ordinárias não apenas amplia o conhecimento sobre os limites da mente humana, mas também contribui para uma visão mais abrangente da subjetividade e da espiritualidade.

Referências

Cardeña, E. & Winkelman, M. (2011). Altering consciousness: Multidisciplinary perspectives: vol. 1 – History, culture, and the humanities; vol. 2 – Biological and psychological perspectives. Praeger/ABC-CLIO.

Cardeña, E., Lynn, S. J. & Krippner, S. (2014). Varieties of anomalous experience: Examining the scientific evidence (2nd edition). American Psychological Association.

Maraldi, E. O., & Krippner, S. (2019). Cross-cultural research on anomalous experiences: Theoretical issues and methodological challenges. Psychology of Consciousness: Theory, Research, and Practice, 6(3), 306–319. https://doi.org/10.1037/cns0000188

Maraldi, E. O., Taves, A., Moll, J., Hartle, L., Moreira-de-Oliveira, M. E., Bortolini, T. & Fischer, R. (2023a). Nonordinary Experiences, Well-being and Mental Health: A Systematic Review of the Evidence and Recommendations for Future Research. Journal of Religion and Health, 63, 410-444. https://doi.org/10.1007/s10943-023-01875-8

Maraldi, E. O., Costa, A., Cunha, A. et al. (2023b). Social Support, Help-Seeking Behaviors, and Positive/Negative Affect Among Individuals Reporting Mediumship Experiences. International Journal of Latin American Religions, 7, 1–16.https://doi.org/10.1007/s41603-023-00197-7

Menegatti-Chequini, M. C., Maraldi, E. O., Peres, M. F. P., Leão, F. C., & Vallada, H. (2019). How psychiatrists think about religious and spiritual beliefs in clinical practice: findings from a university hospital in São Paulo, Brazil. Revista brasileira de psiquiatria, 41(1), 58–65. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2447

Monteiro de Barros, M.C., Leão, F.C., Vallada Filho, H., Lucchetti, G., Moreira-Almeida, A., Prieto Peres, M.F. (2022). Prevalence of spiritual and religious experiences in the general population: A Brazilian nationwide study. Transcultural Psychiatry, online first publication. https://doi.org/10.1177/13634615221088701

Moreira-Almeida, A., & Cardena, E. (2011). Differential diagnosis between non-pathological psychotic and spiritual experiences and mental disorders. Revista Brasileira de Psiquiatria, 33(1), 29–36. https://doi.org/10.1590/S1516-44462011000500004

Moreira-Almeida, A., & Lotufo-Neto, F. (2017). Methodological guidelines to investigate altered states of consciousness and anomalous experiences. International review of psychiatry, 29(3), 283–292. https://doi.org/10.1080/09540261.2017.1285555

Nardini-Bubols, M., da Silva, D. S., Dos Santos-Silva, A., Stagnaro, O. K., Irigaray, T. Q., & Alminhana, L. O. (2019). The Altered States of Consciousness in Transpersonal Approach Psychotherapy: Systematic Review and Guidelines for Research and Clinical Practice. Journal of religion and health, 58(6), 2175–2194. https://doi.org/10.1007/s10943-019-00855-1

Oswald, V., Vanhaudenhuyse, A., Annen, J., Martial, C., Bicego, A., Rousseaux, F., Sombrun, C., Harel, Y., Faymonville, M. E., Laureys, S., Jerbi, K., & Gosseries, O. (2023). Autonomic nervous system modulation during self-induced non-ordinary states of consciousness. Scientific reports, 13(1), 15811. https://doi.org/10.1038/s41598-023-42393-7

Rabeyron, T. (2022) When the Truth Is Out There: Counseling People Who Report Anomalous Experiences. Frontiers in Psychology, 12, 693707. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.693707

Timmermann, C., Bauer, P. R., Gosseries, O., Vanhaudenhuyse, A., Vollenweider, F., Laureys, S., Singer, T., Mind and Life Europe (MLE) ENCECON Research Group, Antonova, E., & Lutz, A. (2023). A neurophenomenological approach to non-ordinary states of consciousness: hypnosis, meditation, and psychedelics. Trends in cognitive sciences, 27(2), 139–159. https://doi.org/10.1016/j.tics.2022.11.006

van der Tempel, J., & Moodley, R. (2020). Spontaneous mystical experience among atheists: Meaning making, psychological distress, and wellbeing. Mental Health, Religion & Culture, 23(9), 789–805. https://doi.org/10.1080/13674676.2020.1823349

What are Anomalous or Non-Ordinary Experiences and What Is Their Importance for Mental Health?

Reports of anomalous or non-ordinary experiences, such as out-of-body experiences, lucid dreams, near-death experiences, premonitions, and contact with deceased individuals, are common in the general population across various countries and form a fundamental aspect of numerous cultural and spiritual traditions and practices worldwide (Maraldi & Krippner, 2019). A recent doctoral thesis defended at IPq-HCFMUSP found that more than 90% of respondents in a representative sample of Brazilians reported having had at least one such experience (based on a comprehensive list of response options covering different experiences) at some point in their lives (Monteiro de Barros et al., 2022).

These experiences are designated by various terms in the psychiatric or psychological literature, such as “anomalous”, “exceptional”, “transpersonal”, “spiritual”, and “mystical” (Cardeña, Lynn & Krippner, 2014), each reflecting different interpretations and theoretical perspectives concerning these experiences. Non-ordinary experiences may occur spontaneously, but they can also be induced by psychedelic substances, ritualistic practices, physical or psychological trauma, and various other factors. They are often associated with a range of altered states of consciousness, such as dissociative trance, hypnagogic/hypnopompic states, and sleep paralysis (Cardeña & Winkelman, 2011; Nardini-Bubols et al., 2019).

Although sometimes linked to psychopathological conditions such as pathological grief, dissociative disorders, and psychotic episodes, non-ordinary experiences are frequently perceived as beneficial to mental health, promoting well-being and positive emotions (Maraldi et al., 2023a, 2023b). There is limited data in Brazil on how individuals cope with these experiences in their daily lives, but available evidence suggests that when facing difficulties related to these experiences, most individuals seek religious or spiritual support. However, a significant percentage also turn to healthcare professionals such as psychologists and psychiatrists (Maraldi et al., 2023b). More recently, investigations into anomalous experiences in secular countries and among non-religious individuals have underscored the relevance of such experiences even for those without religious beliefs, highlighting their impact beyond spiritual practices and religious belief systems (Van der Tempel & Moodley, 2020).

Since the publication of The Varieties of Religious Experience (James, 1902), these phenomena have been introduced into scientific debate and progressively explored in empirical research. William James was one of the first psychologists to investigate and discuss non-ordinary experiences. He argued that these phenomena should be studied not only from a neurophysiological perspective but also in their phenomenological and subjective aspects and their implications for mental health. James distinguished between institutional religiosity and personal religious experience. While the former is associated with collective practices and beliefs, the latter involves direct contact with the “divine” or a transcendent dimension, independent of doctrinal mediation. His approach influenced the development of the psychology of religion and spirituality, as well as scientific research on altered states of consciousness, shaping a field of study that remains relevant to this day.

Research on anomalous, spiritual, and non-ordinary experiences has evolved since James and other pioneers. There are currently two major approaches to investigating these experiences: the phenomenological approach, which focuses on understanding their fundamental characteristics, individual differences, and the meanings people attribute to these experiences in their lives; and the ontological approach, which seeks to understand the underlying causal factors of these experiences. The latter perspective tends to generate more debate and discussion in academic circles, as some researchers suggest that these experiences indicate the existence of new phenomena that is often rejected by the scientific establishment. Although the term “anomalous” may imply a pathological connotation to some, it is actually used in academia to refer to the challenging nature of these experiences concerning established knowledge in psychology, biology, physics, and neuroscience. In other words, if something like “telepathy” – a supposedly anomalous form of human interaction (or between humans and animals) that occurs without inference or conventional verbal and non-verbal communication – exists beyond individuals’ subjective experience, it would represent a “scientific anomaly”, that is, a potentially controversial phenomenon that challenges the scientific community’s understanding of the physical world, the mind, the brain, and their potentialities.

Within the phenomenological and psychological approach, studies on individual differences have sought to identify cognitive and personality characteristics that may be related to the occurrence of anomalous experiences. Variables such as gender, age, thinking styles, absorption or imaginative involvement, openness to experience, dissociation, and childhood trauma have been investigated. Research indicates that anomalous experiences are reported by individuals across different genders, ages, and socioeconomic conditions. However, some patterns emerge, such as a higher prevalence of reports among women and correlations with traits like absorption, dissociation, and intuitive thinking style. It is crucial to emphasize that the correlation between these variables and anomalous experience does not imply causality. The complex interaction between psychological, social, cultural, and individual factors in these experiences remains to be fully understood (Maraldi & Krippner, 2019).

Given the challenges involved in differentiating between healthy and pathological experiences and the complexity of cultural, biological, and psychological factors associated with these experiences (Moreira-Almeida & Cardeña, 2011; Moreira-Almeida & Lotufo Neto, 2017), it is essential to deepen our understanding of non-ordinary experiences, their clinical correlates, and their relationship with different categories of mental disorders. There is a growing interest in this topic in the international medical literature (e.g., Oswald et al., 2023; Timmermann et al., 2023), but few systematic research initiatives exist in the Brazilian context.

Little is known about how to address these experiences and states of consciousness in clinical practice (Maraldi et al., 2023a). Research on the subject is crucial to developing more effective assessment tools, addressing cultural biases, and exploring the potential therapeutic benefits of integrating these experiences into clinical practice. Many healthcare professionals lack knowledge or training on the topic, what may limit their ability to address it effectively (Menegatti-Chequini et al., 2019). Patients may also hesitate to share their experiences for fear of prejudice or inappropriate pathologization by mental health professionals, making proper evaluation and support more difficult (Rabeyron, 2022; Maraldi et al., 2023b). Integrating knowledge about non-ordinary experiences into existing treatment models can be complex, requiring careful consideration of their individual and cultural significance. As research and understanding evolve, healthcare professionals can better navigate these experiences with sensitivity, respect, and a focus on patient well-being.

Given the clinical, theoretical, and methodological challenges posed by this field of research, researchers at the Institute of Psychiatry, Faculty of Medicine at the University of São Paulo recently founded the PROEXP – Research Program on Non-Ordinary Experiences and Altered States of Consciousness, an initiative supported by IHPV. The program was developed with the purpose of investigating the implications of non-ordinary experiences for mental health and clinical practice in psychotherapy and psychiatry and training researchers interested in studying these topics at the graduate level. As part of Brazil’s largest academic hospital complex, IPq provides a privileged space for developing research and clinical applications in this area, with significant potential for national and international contributions to this still underexplored and cutting-edge field.

Conclusion

Anomalous and spiritual experiences remain a relevant phenomenon for understanding the human mind. Contemporary studies demonstrate that such experiences are common and have significant psychological impacts. Variables such as absorption, dissociation, and cognitive styles influence susceptibility to these events, emphasizing the importance of multidisciplinary approaches. Future research should seek greater methodological refinement, exploring not only the individual correlates of these experiences but also their clinical and cultural implications. The study of anomalous or non-ordinary experiences not only expands knowledge about the limits of the human mind but also contributes to a more comprehensive understanding of subjectivity and spirituality.

References

Cardeña, E. & Winkelman, M. (2011). Altering consciousness: Multidisciplinary perspectives: vol. 1 – History, culture, and the humanities; vol. 2 – Biological and psychological perspectives. Praeger/ABC-CLIO.

Cardeña, E., Lynn, S. J. & Krippner, S. (2014). Varieties of anomalous experience: Examining the scientific evidence (2nd edition). American Psychological Association.

Maraldi, E. O., & Krippner, S. (2019). Cross-cultural research on anomalous experiences: Theoretical issues and methodological challenges. Psychology of Consciousness: Theory, Research, and Practice, 6(3), 306–319. https://doi.org/10.1037/cns0000188

Maraldi, E. O., Taves, A., Moll, J., Hartle, L., Moreira-de-Oliveira, M. E., Bortolini, T. & Fischer, R. (2023a). Nonordinary Experiences, Well-being and Mental Health: A Systematic Review of the Evidence and Recommendations for Future Research. Journal of Religion and Health, 63, 410-444. https://doi.org/10.1007/s10943-023-01875-8

Maraldi, E. O., Costa, A., Cunha, A. et al. (2023b). Social Support, Help-Seeking Behaviors, and Positive/Negative Affect Among Individuals Reporting Mediumship Experiences. International Journal of Latin American Religions, 7, 1–16. https://doi.org/10.1007/s41603-023-00197-7

Menegatti-Chequini, M. C., Maraldi, E. O., Peres, M. F. P., Leão, F. C., & Vallada, H. (2019). How psychiatrists think about religious and spiritual beliefs in clinical practice: findings from a university hospital in São Paulo, Brazil. Revista brasileira de psiquiatria, 41(1), 58–65. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2017-2447

Monteiro de Barros, M.C., Leão, F.C., Vallada Filho, H., Lucchetti, G., Moreira-Almeida, A., Prieto Peres, M.F. (2022). Prevalence of spiritual and religious experiences in the general population: A Brazilian nationwide study. Transcultural Psychiatry, online first publication. https://doi.org/10.1177/13634615221088701

Moreira-Almeida, A., & Cardena, E. (2011). Differential diagnosis between non-pathological psychotic and spiritual experiences and mental disorders. Revista Brasileira de Psiquiatria, 33(1), 29–36. https://doi.org/10.1590/S1516-44462011000500004

Moreira-Almeida, A., & Lotufo-Neto, F. (2017). Methodological guidelines to investigate altered states of consciousness and anomalous experiences. International review of psychiatry, 29(3), 283–292. https://doi.org/10.1080/09540261.2017.1285555

Nardini-Bubols, M., da Silva, D. S., Dos Santos-Silva, A., Stagnaro, O. K., Irigaray, T. Q., & Alminhana, L. O. (2019). The Altered States of Consciousness in Transpersonal Approach Psychotherapy: Systematic Review and Guidelines for Research and Clinical Practice. Journal of religion and health, 58(6), 2175–2194. https://doi.org/10.1007/s10943-019-00855-1

Oswald, V., Vanhaudenhuyse, A., Annen, J., Martial, C., Bicego, A., Rousseaux, F., Sombrun, C., Harel, Y., Faymonville, M. E., Laureys, S., Jerbi, K., & Gosseries, O. (2023). Autonomic nervous system modulation during self-induced non-ordinary states of consciousness. Scientific reports, 13(1), 15811. https://doi.org/10.1038/s41598-023-42393-7

Rabeyron, T. (2022) When the Truth Is Out There: Counseling People Who Report Anomalous Experiences. Frontiers in Psychology, 12, 693707. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.693707

Timmermann, C., Bauer, P. R., Gosseries, O., Vanhaudenhuyse, A., Vollenweider, F., Laureys, S., Singer, T., Mind and Life Europe (MLE) ENCECON Research Group, Antonova, E., & Lutz, A. (2023). A neurophenomenological approach to non-ordinary states of consciousness: hypnosis, meditation, and psychedelics. Trends in cognitive sciences, 27(2), 139–159. https://doi.org/10.1016/j.tics.2022.11.006

van der Tempel, J., & Moodley, R. (2020). Spontaneous mystical experience among atheists: Meaning making, psychological distress, and wellbeing. Mental Health, Religion & Culture, 23(9), 789–805. https://doi.org/10.1080/13674676.2020.1823349